Cantador como eu ninguém num fez
Deus deixou pra mandar muito depois
Que se cabra for grande eu dou em dois
E se o cabra for médio eu dou em três
E se for bem pequeno eu dou em seis
Que a minha riqueza é bem total
Cantador como eu não nasce igual
Que ou nasçe mais baixo sou mais estreito
Repentista só canta do meu jeito
Se for fora de série ou genial.
Acho bonito o inverno
Quando o rio está de nado
Que o sapo faz oi aqui
Outro oi do outro lado
Parece dois cantadores
Cantando mourão voltado.
Cantando com VALDIR TELES, o colega perguntou onde LOURO residia e depois disse o seguinte:
QUALQUER DIA, MEU COLEGA
VOU CONHECER SUA CASA...
LOURO pegou na deixa e falou:
MEU CUMPADE, A MINHA CASA
É UMA CASA TÃO FEIA...
D'UM LADO É UM CEMITÉRIO
DO OUTRO LADO A CADEIA
D'UM LADO SE COME TERRA
DO OUTRO SE COME PEIA.
Noutra oportunidade, cantando à Natureza, disse:
Admiro a Natureza
Mar vomitando salinas
Lajedos de corpos nus
Com as pedras cristalinas
E as serras, túmulos rochosos
Onde Deus sepulta as minas
Noutra oportunidade, cantando com Sebastião da Silva, outro poeta de primeira grandeza, e falando da herança que deveria deixar para a família, saiu-se com essa:
No dia que eu morrer
Deixo a mulher sem conforto
Roupas em malas guardadas
E o chapéu em torno torto
E a viola com saudades
Dos dedos do dono morto.
Sou muito admirador dos versos de Louro Branco.
ResponderExcluirUm forte abraço Lucas. São bento do una-pe
GERALDO ANÍZIO DE CAICÓ
ResponderExcluirLOURO BRANCO EXCEPCIONAL REPENTISTA E POETA PROSADOR DAS ENPOEIRADAS SERTANEJAS. O CONHECI ANDANDO PELAS RUAS DE CAICÓ NO RIO GRANDE DO NORTE. FOI POR VOLTA DOS ANOS SETENTA. JÁ ERA MUITO FAMOSO POR PELOS VERSOS DELE E PELA AGUÇADA POESIA MESCLADA DE TROCADILHOS FENOMENAIS QUE ENCANTAM TODOS APRECIADORES DO REPENTE NORDESTINO.
O CASAMENTO DOS VELHOS
ResponderExcluirTem certas coisas no mundo
Que eu morro e num acredito
Mas essa eu conto de certo
Dum casamento bonito
De um viúvo e uma viúva
Bodoquinha Papaúva
E Tributino Sibito
O véio de oitenta ano
Virado num estopô
A véia setenta e nove
Maluca por um amor
Os dois atrás de esquentar
Começaram a namorar
Porque um doido ajeitou
Um dia o véio comprou
Um corpete pra bodoquinha
Quando a véia foi vestir
Nem deu certo, coitadinha
De raiva quase se lasca
Que o corpete tinha as casca
Mas os miolo num tinha
No dia três de abril
Vêi o tocador Zé Bento
Mataram trinta preá
Selaram oitenta jumento
Tributino e Bodoquinha
Sairam de manhazinha
Pra cuidar do casamento
O veião saiu vexado
Foi se arranchar na cidade
Mandaram chamar depressa
Naquela oportunidade
O veião chegou de choto
Inda deu catorze arroto
Que quase embebeda o padre
O padre ai perguntô:
Seu Tributino, o que pensa,
Quer receber Bodoquinha
Sua esposa, pela crença?
O veião dixe: eu aceito
Tô tão vexado dum jeito
Chega tô sem paciência
E preguntô a Bodoquinha:
Se aceitar esclareça
A véia lhe arrespondeu
Dando um jeitim na cabeça
Aceito de coração
Tô cum tanta precisão
Tô doida que já anoiteça
Casaram, foram pra casa
Comeram de fazer medo
Conversaram duas horas
Uns assuntos duns segredo
E Bodoquinha dixe: agora,
Meu pessoá, vão embora
Que eu quero drumi mais cedo
O véi vestiu um pijama
Ficou vê uma raposa
A véia de camisola
Dixe: óia aqui sua esposa
Cuma é, vai ou num vai?
O veião dixe: ai, ai, ai
Já tá me dando umas coisa
A véia dixe me arroche
Cuma se novo nóis fosse
O véio dixe: ê minha véia
Acabou-se o que era doce
A véia dixe: é assim?
Então se vai dar certim
Que aqui também apagou-se
Inda tomaram uns remédio
Mas num deu jeito ao enguiço
De noite a véia dizia:
Mas meu véi, que diabo é isso?
Vamo vendê essa cama
Nóis sempre demo na lama
Ninguém precisa mais disso
A véia dixe: isso é triste
Mas esse assunto eu esbarro
Eu já bati o motor
Meu véi estrompou o carro
Ê, meu veião Tributino
Nóis dois só tem um menino
Se a gente fizer de barro.
Fonde: Acorda Cordel
Versos de Louro Branco
Cantador como eu ninguém num fez
Deus deixou pra mandar muito depois
Que se cabra for grande eu dou em dois
E se o cabra for médio eu dou em três
E se for bem pequeno eu dou em seis
Que a minha riqueza é bem total
Cantador como eu não nasce igual
Que ou nasçe mais baixo sou mais estreito
Repentista só canta do meu jeito
Se for fora de série ou genial.
Acho bonito o inverno
Quando o rio está de nado
Que o sapo faz oi aqui
Outro oi do outro lado
Parece dois cantadores
Cantando mourão voltado.
Cantando com VALDIR TELES, o colega perguntou onde LOURO residia e depois disse o seguinte:
QUALQUER DIA, MEU COLEGA
VOU CONHECER SUA CASA...
LOURO pegou na deixa e falou:
MEU CUMPADE, A MINHA CASA
É UMA CASA TÃO FEIA...
D'UM LADO É UM CEMITÉRIO
DO OUTRO LADO A CADEIA
D'UM LADO SE COME TERRA
DO OUTRO SE COME PEIA.
Titulo:
ResponderExcluirEm nome de todos com gratidão, por você ter existido.
01
O nordeste estar de luto
Pela a perca de um ser
Da nossa humanidade
Pra todos o bem querer
Com a partida deste poeta
Ficaram muitos sem entender
02
Pra melhor assim dizer
Ele foi pro reino da gloria
Deixando o seu legado
Escrito em muitas historia
Que Deus guarde ao seu lado
Aqui guardamos na memória
03
Francisco Maia de Queiroz,
Louro Branco o popular
Um poeta e repentista
Você pode me acreditar
Foi um grande compositor
O melhor em todo lugar
04
Nasceu em dois de setembro
Em mil novecentos e quarenta e três
Porém na Vila Feiticeiro
Conto-lhe um pouco pra vocês
O município foi Jaguaribe
Na certeza não digo talvez
05
Louro Branco era um poeta
Que encantava ao se apresentar
Com seu bom humor e brincalhão
E seu jeito de improvisar
Começou aos dose anos
Nunca mais quis parar
06
Cantou com os maiores repentistas
De quatrocentos festivais participou
Deixa setecentas composições.
E só o ensino mediu estudou
Entretanto as profissões exercidas
Foi pescador, agricultor e vendedor.
07
Foi um vendedor ambulante
Deram experiência e expressão
Aliada a sua então sabedoria
Na faculdade da vida teve formação
Foi uns maiores ícones do repente
Que deixou esse legado e recordação
08
Era uma rapidez de raciocínio
Que nos causava admiração
Louro Branco você e será
Um ser da nossa recordação
Aqui deixo o meu lamento
Em nome de todos com gratidão
Autor:
Poeta Barbosa filho