AOS CANTADORES
Diniz Vitorino
Ilustres colegas,
Ilustres colegas,
fiéis andarilhos,
ó amados filhos
ó amados filhos
das musas celestes!
Eu vos enalteço,
Eu vos enalteço,
chorando ou sorrindo,
por tudo de lindo
por tudo de lindo
que em versos fizestes.
Poetas gigantes,
Poetas gigantes,
caboclos aedos,
os vossos dez dedos
os vossos dez dedos
são teclas caipiras,
cavando saudades
cavando saudades
em mundos de anseios,
tirando gorjeios
tirando gorjeios
das bocas das liras.
As vossas violas
As vossas violas
são harpas sonoras,
cítaras canoras,
cítaras canoras,
vestidas de rendas...
pianos matutos,
pianos matutos,
que gemem sonatas,
ferindo as mulatas,
ferindo as mulatas,
no chão das fazendas.
As vossas falanges
As vossas falanges
dedilham baiões,
tocando os bordões,
tocando os bordões,
batendo nas primas,
jogando nas nuvens
jogando nas nuvens
poemas dispersos,
conjunto de versos,
conjunto de versos,
colóquios de rimas.
Amantes da lua,
Amantes da lua,
poetas legítimos!
Ó filhos dos ritmos,
Ó filhos dos ritmos,
dos cantos selvagens!
As vossas cantigas
As vossas cantigas
aos rudes ofendem,
porque não entendem
porque não entendem
das vossas linguagens.
Cantai, cantadores,
Cantai, cantadores,
fazei vossa festa!
A vida só presta
A vida só presta
com cantos assim.
Se fordes expulsos
Se fordes expulsos
por gênios perversos,
cantai vossos versos
cantai vossos versos
somente pra mim.
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