Mocinha de Passira
Quem vem de raça de puta
 não fala de rapariga
 sua mãe é leviana
 sua avó é quenga antiga
 a sua filha ganha a feira
 vendendo o pé da barriga
*
Amor é vinho servido
 Em alva taça pequena
 Quem bebe pouco quer mais
 Quem bebe mais se envenena
 Quem se envenena de amor
 Morrendo Deus não condena.
*
A vida se inicia
 Sob o ventre maternal
 O filho se liga à mãe
 No cordão umbilical
 Nasce, cresce, vive e ama
 Depois a morte lhe chama
 Para a campa sepulcral.
Manoel Filó
Cantador pra enfrentar Manoel Filó
 É preciso comer besouro assado
 Dar pancadas com o gume do machado
 Num angico que tem um sanharó
 Se enrolar com uma cobra de cipó
 Dar um chute num cão com hidrofobia
 Mastigar na cabeça de uma jia
 Se subir num coqueiro catolé
 Se montar em Inácio Jacaré
 E viajar três semanas pra Bahia.
Louro Branco
O trovão estronda andando
 Pelo firmamento infindo,
 Céu de nuvens se cobrindo
 Cascatas cantarolando,
 O pirilampo voando
 Em noites de escuridão,
 Só parece um avião
 Com a sinaleira acesa;
 Tudo que há de beleza
 Deus colocou no sertão.
Diniz Vitorino
E as abelhas pequenas, sempre mansas
 Com as asas peludas e ronceiras
 Vão em busca das pétalas das roseiras
 Que se deitam no colo das ervanças
 Com ferrões aguçados como lanças
 Pelo cálix das flores bebem essência
 E fazem mel que os mestres da Ciência
 Com os séculos de estudo não fabricam
 Porque livros da Terra não publicam
 Os segredos reais da Providência.
José Lucas de Barros
A lua, barco risonho,
 No seu posto ingênuo e belo,
 Era o mimoso castelo
 Da poesia e do sonho,
Um astronauta medonho
 Lá chegou bastante cedo,
 E, como no seu degredo
 Esperava um trovador,
 Ao ver um explorador
 A lua tremeu de medo.
João Paraibano
O que mais me admira
 É ver o sapo inocente
 Que gosta de lama fria
 Mas detesta a terra quente
 Vendo da cobra o pescoço
 Pinota dentro do poço
 Pra se livrar da serpente.
Manoel Xudu
O homem que bem pensar
 Não tira a vida de um grilo
 A mata fica calada
 O bosque fica intranqüilo
 A lua fica chorosa
 Por não poder mais ouvi-lo
Mariana Teles
O levantar da cabeça
 É sempre a melhor saída
 Passar por cima dos baques,
 Molhar com pranto a ferida,
 Sem cansar, nem pedir pausa,
 Na queda se enxerga a causa
 Dos recomeços da vida!
João Paraibano
Faço da minha esperança
 Arma pra sobreviver
 Até desengano eu planto
 Pensando que vai nascer
 E rego com as próprias lágrimas
 Pra ilusão não morrer.
Mariana Teles
Toca a brisa da noite no portão
 O cabelo se assanha com o vento
 O balanço da rede em movimento
 E um rádio tocando uma canção
 A saudade arranhando um coração
 E a duvida de um sempre, ou nunca mais
 Uma lágrima caindo e o vento faz
 Se espalhar pela face entristecida
 Eu na rua buscando achar saída
 Pra tristeza que a tua falta trás.
Faço um verso, misturo com aguardente
 Um cinzeiro com as cinzas do veneno
 Numa noite sem lua me enveneno
 Por não ter o clarão do céu presente
 O espelho espelhando em minha frente
 A metade de um todo que foi nosso
 Eu procuro não ver, mas tem um troço
 Pra abrir os meus olhos quando fecho
 Sem ter sono, inquieta me remexo
 Que dormir sem você ,sei que não posso.
Vem o vento, tocar-me bem mais forte
 O relógio passando sem medida
 Ao meu lado, um copo de bebida
 Refletindo o futuro : que é a morte …
Nele afogo o desgosto, já que a sorte
 Resolveu repartir nossa união
 Te guiando pra outra direção
 E deixando meus olhos sem os teus…
De lembrança ,restou o teu adeus
 E a saudade entupindo o coração.
* * *
João Lourenço
Eu já passei tanta coisa
 Que na vida nem pensava
 Pra minha felicidade
 A mulher que eu procurava
 Deus teve pena de mim
Mostrou aonde ela estava
Mostrou aonde ela estava
* * *
Fenelon Dantas
O rádio é para se ouvir
 E todo mundo entender
 O telefone é melhor
 Para a gente ouvir sem ver
 No telefone eu namoro
 Sem minha mulher saber.
Dimas Batista
Na vida material
 cumpriu sagrado destino :
 o Filho de Deus, divino,
 nos deu gloria espiritual.
 Deu o bem, tirou o mal,
 livrando-nos da má sorte.
 Padeceu suplicio forte,
 como o maior dos heróis.
 Morreu pra dar vida a nós :
 A vida venceu a morte.
(POETA GILSON MELO: COORDENADOR E APRESENTADOR DO PROGRAMA"VIOLAS NORDESTINAS" DE 2ª A 5ª DAS 17:30 AS 18:00 hs, PELA RÁDIO COMUNITÁRIA TABIRA FM 87,9 )
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SONETO:
Valorize bem a vida
Que o tempo é passageiro,
Por mais que seja comprida
Faz a vida um paradeiro.
E se a vida for vivida
Só pensando no dinheiro?
Depois que a morte convida
Fica somente o letreiro.
O nome exposto na cruz,
A matéria vira pus
Dentro da cova lacrada.
Quem morrer sendo covarde
Vai descobrir muito tarde
Que a vida não valeu nada.
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Se não for valorizada
A vida não faz sentido
É como estrela apagada
Vira um produto vencido
Se alguém cair na estrada
Levante quem tá caído
Na pele passe pomada
Se o corpo tiver ferido
A quem tem fome der pão
Perdoei o erro do irmão
Não seja dele um rival
Cada gesto abençoado
Aguarda ser pontuado
No julgamento final.
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(Gilson Melo) http://poetagilsonmelo.blogspot.com.br/
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Mensagem pela passagem de ano:
Soneto:
Que o espírito Santo habite
Nos lares de cada irmão
Que o Natal faça convite
Pra grande reflexão.
Que a paz vencendo grite
Bote Deus no coração
Que o ódio sem limite
Perca a sua atuação.
Nesta virada do ano
Que der certo cada plano
Com cristo lhe dando aprovo.
Seguindo o Santo evangelho
Dando adeus ao ano velho
Pra viver o ano novo!
(Gilson Melo) 28/12/2012.